sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Papa pede às famílias que sejam sinal de esperança na sociedade atual



21 setembro 2011 Autor: Bíblia Católica | Postado em: Igreja


Em uma mensagem enviada aos mais de 16 mil participantes na 22ª Jornada Mariana da Família no Santuário de Torreciudad em Huesca (na Espanha), o Papa Bento XVI pediu que as famílias sejam “na sociedade atual sinal de esperança”.

Conforme informa a Rádio Vaticano, o Santo Padre se dirigiu assim aos participantes deste evento realizado no fim de semana. Aos esposos e pais de família o Papa alentou a “não retroceder em seu empenho de ser referentes de seus filhos, que precisam descobrir na perseverança e no sentido do dever, o rosto do verdadeiro amor”.

No Santuário que está sob o cuidado do Opus Dei, o Arcebispo de Madrid e Presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Cardeal Antonio María Rouco Varela, assinalou que “a vida é uma história muito bela e ao mesmo tempo dramática, na qual será preciso ensinar aos filhos a lutar, a superar-se a si mesmos, a caminhar vencendo as insídias do mal”.

Na homilia da Missa que presidiu, o Cardeal disse que “a vitória consiste na santidade, a verdadeira vocação do homem”.

Por isso animou os fiéis a “confiarem na Virgem, nesse amor terno e maternal e Maria que nunca nos abandona, Mãe de Graça e de Misericórdia”.

O Arcebispo de Madrid destacou às famílias chegadas de distintos pontos da Espanha que “Deus está com o homem de uma forma extraordinariamente próxima, íntima, plena, para que o ser humano possa fazer do caminho de sua vida um caminho de salvação e de glória”.

Finalmente recordou a todos os presentes que “para descobrir essa proximidade é necessário dar um primeiro passo de fé, acreditar em Jesus Cristo “firmes na fé”, como dizia Bento XVI aos jovens há uns dias”.


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

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Uma segunda chance para o matrimônio – Zenit


série MATRIMÔNIO; 
Uma segunda chance para o matrimônio – Zenit

Uma segunda chance para o matrimônio – Zenit
25 de novembro de 2011
Por Robson Oliveira
http://humanitatis.net/?p=4987


Comentário: A defesa família é uma das metas prioritárias do cristianismo, pois a Redenção do homem passa pela redenção, direta ou indireta, da família. Um estudo que aponte caminhos para manutenção e fortalecimento desse vínculo é bem-vindo, portanto.

ROMA, terça-feira, 22 de novembro de 2011(ZENIT.org) – As consequências negativas de casamentos destruídos são bem conhecidas. A recente publicação do Institute for American Values forneceu algumas sugestões de como reduzir este pesado fardo.

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Reprodução
“Segunda chance: Uma proposta para reduzir divórcios desnecessários”, escrito por William J.Doherty, professor da Family Social Science at the Univesity of Minnesota, e Leah Ward Searas, ex-chefe de justiça do Supremo Tribunal da Geórgia.

Na investigação, foi descoberto que existe uma forte evidência para a teoria de que muitos casais divorciados são bastante similares àqueles que permanecem juntos. O que contradiz o senso comum de que a maioria dos divórcios ocorre somente após muitos anos de conflito. Eles também descobriram que não é verdade a idéia de que, uma vez feita a petição de divórcio, os casais desconsiderem a possibilidade de reconciliação.

Os autores citaram algumas pesquisas realizadas nas últimas décadas, mostrando que, entre 50% e 60% dos divórcios ocorrem com casais que eram relativamente felizes e tinham baixo nível de conflito no ano precedente ao divórcio.

O relatório não se opunha a todos os divórcios e admitiu que em alguns casos pudesse até ser necessário.

Em muitas situações o número de divórcios poderia ser reduzido e isso seria um excelente benefício para as crianças.

- Existem evidências claras de que os pais são menos propensos a ter relacionamentos de alta qualidade com seus filhos.

- Crianças com pais divorciados ou não casados são mais susceptíveis a serem pobres.

- A mortalidade infantil é maior e, em média, as crianças têm pior estado de saúde em comparação aos colegas que têm pais casados.

- Adolescentes de famílias com pais divorciados são mais propensos ao abuso de drogas ou álcool, de entrar em conflito com a lei, e viver uma gravidez na adolescência.

- Crianças que vivem em lares com homens sem laços familiares correm maior risco de abuso físico ou sexual.

- Divórcios aumentam o risco de fracasso escolar e diminui a possibilidade de obter um bom emprego.

- Filhos de pais divorciados têm 50% a mais de chance de um dia terem seus casamentos fracassados.

- Nenhuma estabilidade.

Além disso, a expectativa de que após o divórcio o ex-cônjuge será livre para casar com outra pessoa, com quem será feliz, proporcionando aos seus filhos maior estabilidade, não é um resultado comum, apontou o relatório. A taxa de divórcios no primeiro casamento é de 40% a 50%, e para a segunda união é de 60%. Isso significa que as crianças passam por muitas transições familiares, aumentando cada vez mais as consequências negativas.

Os autores também demostraram que o matrimônio é mais do que apenas um assunto privado e que a estabilidade familiar, ou a falta dela, tem importantes consequências econômicas. Em recente estudo tendo por base um modelo econômico muito cauteloso, foi estimado que divórcios e gravidez fora do casamento custa aos contribuintes dos  Estados Unidos no mínimo $12 bilhões por ano.

Analisando como este imenso dano social e econômico pode ser reduzido, o relatório alegou que é errado supor, que uma vez feita a petição de divórcio pelos casais, não há como voltar atrás. Em recente pesquisa foi demonstrado que 40% dos casais americanos já decididos pelo divórcio dizem que, um ou ambos, estão interessados na possibilidade de uma reconciliação. Infelizmente, afirmam os autores, os juízes e advogados de divórcios, normalmente, não fazem qualquer tentativa para promover a reconciliação, concentrando-se em uma resolução rápida para o processo.

Entre as evidências contidas no relatório, estava o resultado de uma amostra de 2.484 pais divorciados. A mesma demonstrava que cerca de um em cada quatro pais acredita que seu casamento ainda poderia ser salvo. O processo de divórcio dos pais envolvidos estava quase no final. Para casais que procuram o divórcio o percentual de abertura à reconciliação poderia ser bem maior, adicionaram os autores.

Recomendações

O relatório prosseguiu fazendo uma série de recomendações que poderiam ajudar a reduzir o número de divórcios.

O período de espera para o divórcio varia de estado para estado. Nos Estados Unidos, dez estados não tem prazo de espera, 29 tem prazo menor que seis meses, sete estados seis meses, e em cinco estados a espera é de um ano ou mais. O relatório sugeriu um período mínimo de um ano a partir da data de apresentação do divórcio até que ele entre em vigor.

Este adiamento poderia dar tempo ao casal para reconsiderar a decisão de se separar. Afinal de contas, muitos estados têm um período de espera para se casar, a fim de desencorajar as decisões impulsivas. Além disso, às vezes, a decisão de divorciar é feita em um momento de crise emocional, e uma pessoa em tal estado não pode pensar sobre as consequências do divórcio a longo prazo.

Junto com um período de espera é fundamental oferecer serviços para promover a reconciliação. Atualmente, afirmaram os autores do relatório, a qualidade dos aconselhamentos matrimoniais disponíveis em muitas comunidades é insuficiente.

Em muitos casos, os conselheiros matrimoniais não são adequadamente formados. Além disso, muitos conselheiros sentem que devem manter a neutralidade quanto à possibilidade do casamento terminar em divórcio ou não, o que não estimula a esperança para um casal à beira do divórcio.

Programas de educação para o aprimoramento do matrimônio, especialmente para aqueles em maior risco de divórcio, foi outra recomendação. Avaliações de alguns dos melhores programas têm mostrado que estes são bastante eficazes.

Estas e outras recomendações sugeridas no relatório se forem implementadas, devem ajudar a reduzir o número de divórcios, um resultado que seria benéfico para muitas pessoas e para a sociedade como um todo.

Por Pe. John Flynn, LC

[Tradução : MEM]

Preparação para o Matrimônio – III


série MATRIMÔNIO;
Preparação para o Matrimônio – III

Preparação para o Matrimônio – III
3 de julho de 2012
Por Robson Oliveira
http://humanitatis.net/?p=349


Preparar para este sacramento exige dos pais uma força espiritual e humana incomum. Mas quem disse que ser esposo e esposa cristãos seria fácil?



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Na longa jornada de preparação para o matrimônio, dois importantes pontos precisam ser recordados: primeiramente, o matrimônio é uma vocação, um chamado de Deus para o seu serviço generoso na família; depois, que o matrimônio é um sacramento do serviço. De certa forma, se há uma crise castigando os matrimônios em geral, uma das causas desta crise é a falta de generosidade que assola as famílias. Para os cristãos, porém, a falência das famílias é um problema ainda mais grave, pois denota falta de amor. Certamente, um dos grandes sintomas desta crise surge do desconhecimento ou da rebeldia dos casais acerca de um dos deveres gerais da família: o serviço à vida.

Na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, de 1981, o Papa João Paulo II indica quatro deveres gerais da família: 1. formar uma comunidade de pessoas; 2. servir à vida; 3. participar no desenvolvimento da sociedade e; 4. participar na vida e missão da Igreja. Dentre esses deveres gerais, o serviço à causa da vida é o que geralmente mais causa embaraço e dificuldades para os casais, cristãos ou não. O que significa, na prática, servir à vida no matrimônio? Este é o tema desta etapa da Preparação para o Matrimônio.




O que significa “servir à vida”?

A compreensão teórica do assunto é fundamental para que os casais que se dão em matrimônio saibam exatamente como pôr em execução esta característica básica da vida matrimonial. Servir à vida no matrimônio passa necessariamente por dois elementos fundamentais: servir à vida colaborando na geração dos filhos e; servir à vida na educação dos filhos. Transmitir e educar são dois elementos fundamentais do dever geral das famílias de servir à vida.

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a) Dos  §§ 28 a 35 da Familiaris Consortio, o Papa João Paulo II discorre sobre um aspecto específico do serviço à vida na família, que é a transmissão da vida humana. O Pontífice resgata o mandamento de Deus para o matrimônio: “crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” (Gn 1,28). Uma das funções básicas do matrimônio é a prole, que também é um dos fins do apetite sexual (sobre o assunto, leia mais aqui e aqui). Assim, a família humana cumpre seu papel quando transmite a vida para seus filhos, provas concretas de generosidade consigo mesma, com a sociedade e com Deus. Mais: o dom da vida é consignado às famílias por Deus, que deseja fazer dos homens consortes deste grande mistério de amor, que é a geração de seres humanos. Ao aceitarem a tarefa de colaboradores na geração do gênero humano, homem e mulher tornam-se co-criadores, com Deus Criador, da espécie humana: “assim a tarefa fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, através da história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela geração de homem a homem” (Familiaris Consortio, 28).

Ora, ser colaborador da transmissão da vida humana, de homem a homem, torna a prática do aborto e os meios artificiais de contracepção objetos de repulsa por parte dos que entendem a beleza da vida humana. Aos abortistas, à Misericórdia de Deus quando couber; a justiça dos homens, sempre; ao aborto, porém, toda força e rejeição capazes de serem encontrados pelos cristãos e homens de boa vontade. Os que se preparam para o sacramento do matrimônio precisam saber destas disposições naturais e sacramentais antes de se darem como dom de amor mutuamente.
Do mesmo modo, aos casais que pretendem dar-se em matrimônio, mas principalmente aos cristãos – de todas as confissões – é imprescindível negar qualquer meio artificial de método contraceptivo. Não é lícito moralmente tornar um ato sexual naturalmente fecundo em infecundo, sem razões graves. Negar a vida nascente é o suprassumo da falta de amor, é o contrário de ser generoso. Ora, se o matrimônio é o lugar da generosidade, nele não pode haver lugar para a rejeição aberta e franca à vida, a não ser que haja razões graves para tal. Aos que estão na situação de rejeição a prole, mas sem razões graves, urge implorar de Deus a graça de mudar seus estados de espírito, para serem mais receptivos à vida que Deus quer dar por meio dos casais. O matrimônio dessas pessoas será mais feliz e fecundo do que jamais imaginariam, pois será mais generoso. E o Deus de Bondade, que não se deixa vencer em generosidade, os recompensará ainda nessa vida… com perseguições.

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Além disso, a questão do dever de gerar vida esbarra imediatamente nas doutrinas alarmistas sobre superpopulação, farsa que está voltando à moda. O Beato João Paulo II lembra que à família, e só à família, cabe o dever de refletir sobre os filhos que desejam ter, sempre abertos ao incremento providencial e livre do Deus de Amor, que sabe da felicidade do homem mais que o próprio homem. Em 1981 já havia a “ameaça” do Boom Demográfico, mas como ficou provado, esse é mais um modo de as nações ricas manterem seu domínio sobre as nações em desenvolvimento. O Beato João Paulo II advertia que o medo da expansão demográfica surgiu graças a “certo pânico derivado dos estudos dos ecólogos e dos futurólogos sobre a demografia [que] exageram, às vezes, o perigo do incremento demográfico para a qualidade da vida” (FC, 30).

Outro modo de servir à vida no matrimônio é educando os filhos.
b) Dos  §§ 36 a 40 da Familiaris Consortio, o Papa João Paulo II trata do dever das famílias de auxiliarem no crescimento e desenvolvimento da prole que Deus lhes enviar. É direito dos pais definir a educação que desejam para seus filhos, sem que qualquer instituição ou indivíduo se intrometa na formação que os pais tem que dar a seus filhos. De outro lado, a dignidade da pessoa humana exige dos pais que se esmerem por favorecer o crescimento integral de seus filhos, favorecendo a vida de piedade, o crescimento nas virtudes, a vida social e todos os elementos que compõem uma saudável vida humana.
Educar para as virtudes é, no campo humano, um dos mais importantes deveres dos pais. Além disso, criar um ambiente de piedade e religiosidade é, no campo espiritual, a melhor herança que os pais podem deixar aos filhos. É no lar que se aprende a rezar, a ser caridoso, a morrer um pouco para dar vida a outros, é na família que a verdadeira piedade pode nascer e se desenvolver com mais facilidade. Em uma família assim, as vocações são mais meditadas, a generosidade a Deus, que é a raiz de toda vida feliz, torna-se mais fácil de ser reconhecida – ainda que continue sendo difícil de ser cumprida. Educar os filhos, portanto, é tão importante quanto recebê-los de Deus. Por isso, o Papa João Paulo II fala da responsabilidade na geração de filhos, o que não é apologia a famílias pequenas, mas um elogio à virtude da prudência e da justiça.
Finalmente, no § 41 da Familiaris Consortio, o Papa João Paulo II fala às famílias que não têm filhos. Ele insiste, de maneira evangélica, que todos os homens somos filhos de Deus e que, por isso, os que sofrem de alguma debilidade que impossibilite ter filhos precisam ver, em outros filhos de outras famílias, filhos seus. É belíssimo o que diz o Papa:
As famílias cristãs, que na fé reconhecem todos os homens como filhos do Pai comum dos céus, irão generosamente ao encontro dos filhos das outras famílias, sustentando-os e amando-os não como estranhos, mas como membros da única família dos filhos de Deus. Os pais cristãos terão assim oportunidade de alargar o seu amor para além dos vínculos da carne e do sangue, alimentando os laços que têm o seu fundamento no espírito e que se desenvolvem no serviço concreto aos filhos de outras famílias, muitas vezes necessitadas até das coisas mais elementares.
As famílias cristãs saberão viver uma maior disponibilidade em favor da adoção e do acolhimento de órfãos ou abandonados: enquanto estas crianças, encontrando o calor afetivo de uma família, podem fazer uma experiência da carinhosa e próvida paternidade de Deus, testemunhada pelos pais cristãos, e assim crescer com serenidade e confiança na vida, a família inteira enriquecer-se-á dos valores espirituais de uma mais ampla fraternidade.
A fecundidade das famílias deve conhecer uma sua incessante «criatividade», fruto maravilhoso do Espírito de Deus, que abre os olhos do coração à descoberta de novas necessidades e sofrimentos da nossa sociedade, e que infunde coragem para as assumir e dar-lhes resposta. Apresenta-se às famílias, neste quadro, um vastíssimo campo de ação: com efeito, ainda mais preocupante que o abandono das crianças é hoje o fenômeno da marginalização social e cultural, que duramente fere anciãos, doentes, deficientes, toxicômanos, ex-presos, etc.

Desta maneira dilata-se enormemente o horizonte da paternidade e da maternidade das famílias cristãs: o seu amor espiritualmente fecundo é desafiado por estas e tantas outras urgências do nosso tempo. Com as famílias e por meio delas, o Senhor continua a ter «compaixão» das multidões (FC, 41).
Preparar-se para o matrimônio é, de um lado, abrir-se à Vontade de Deus sobre os filhos; de outro, desalojar-se de seus próprios benefícios em favor de uma educação completa e integral dos filhos. Obviamente, preparar para este sacramento exige dos pais uma força espiritual e humana incomum. Mas quem disse que ser esposo e esposa cristãos seria fácil?

Preparação para o Matrimônio – II


série MATRIMÔNIO;
Preparação para o Matrimônio – II

Preparação para o Matrimônio – II
5 de dezembro de 2011
Por Robson Oliveira
http://humanitatis.net/?p=325


Antes de avançar sobre as características do matrimônio, importa meditar sobre um aspecto essencial deste sacramento: o serviço. Todos os esposos, noivos e namorados deviam pensar na seguinte frase do Evangelho:  “aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á” (Mt 16, 25).

É perceptível entre os cristãos (mesmo entre os muito bem formados) a ignorância sobre os fundamentos do sacramento do matrimônio. E se há um conhecimento que não se pode ignorar é que ninguém que se casa para “se encontrar” ou “para se preencher” alcançará seu intento. A cara-metade é um mito! O par perfeito é uma ilusão muito perigosa. Não existe a metade prometida ou algo semelhante que complemente o homem. É preciso que se diga aos namorados e noivos: matrimônio é sacramento de doação! Assim como o sacerdócio, o matrimônio é um dos sacramentos de serviço. Isto mesmo: o padre é ordenado para servir a Deus e sua Igreja no serviço litúrgico; os esposos dão-se mutuamente em matrimônio, numa entrega livre, fecunda, total e generosa, também para servir a Deus e sua Igreja. Apenas a meditação deste aspecto do matrimônio faria refletir muitos namorados que ardem pelo matrimônio – e muitíssimos já casados! É uma ótima oportunidade de fazer um longo exame de consciência:
Estou preparado(a) para servir o(a) esposo(a) que receberei?
Meu matrimônio já é serviço para o(a) esposo(a), cujo(a) amor, companhia e fidelidade devotei?

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Houve tempo em que o matrimônio era visto como modo de se alcançar bens (tanto pelo lado de quem dava a filha em matrimônio quanto do lado de quem pleiteava as bodas). Neste sentido, o cristianismo é um avanço incomensurável em relação ao paganismo, cujo objetivo com o matrimônio era apenas auferir algum tipo de benefício material (terras, poder, pensões, heranças), incluindo nesse negócio todo prazer físico que fosse possível. Para os cristãos, o matrimônio não se reduz à troca de carteiras, muito menos de fluidos corporais; antes, matrimônio é a entrega total e integral do indivíduo, um homem a uma mulher, livre, aberto à vida incondicionalmente. O paganismo de modo algum tolera amores incondicionais, amores generosos. O primeiro passo para os que se sentem chamados ao matrimônio é entender o caráter diaconal do matrimônio: o fundamento da vida conjugal é a doação dos esposos, mas não de modo impreciso. Nas palavras do beato João Paulo II, “a tarefa fundamental da família é o serviço à vida” (Familiaris Consortio, 28). Em breve falaremos mais disso.

Mitos acerca do Matrimônio – I


série MATRIMÔNIO;
Mitos acerca do Matrimônio – I

Mitos acerca do Matrimônio – I
15 de maio de 2012
Por Robson Oliveira
http://humanitatis.net/?p=2026


Um dos grandes desafios da pastoral do matrimônio é desmitificar a imagem que os jovens têm deste sacramento. Enquanto não se contemplar a vocação matrimonial sob a luz acertada, as verdadeiras virtudes e os reais perigos do enlace matrimonial continuarão na sombra, fazendo com que as alegrias desta vocação continuem ocultas para uns casais e as dificuldades ainda mais assustadoras para outros. Por isso, é preciso lembrar que esse sacramento precisa ser preparado, meditado, estudado. Alguns temas importantes já foram tratados neste site: as características fundamentais do matrimônio (unidade, fidelidade, abertura à vida, o bem dos esposos); o matrimônio como chamado de Deus à santidade na doação ao cônjuge e aos filhos; sobre a imoralidade de tornar inférteis atos sexuais que, naturalmente, são férteis;  sobre o fim do ato sexual no matrimônio: a prole. Todas essas informações ajudam na formação dos jovens que se sentem chamados ao matrimônio. Contudo, a “prática pastoral” aponta para alguns mitos muito comuns entre os que namoram ou estão prestes a contrair uma relação estável e perene pelo matrimônio. Nesta série de reflexões tratar-se-á de esclarecer alguns aspectos importantes, os quais causam o fim de não poucos matrimônios absolutamente viáveis, se houvesse preparação adequada e conselhos de casais mais experimentados. O mito de hoje é o “Mito do Príncipe Encantado”.



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O Beato João Paulo II, em sua Exortação Apostólica Familiaris Consortio, acentuou o caráter urgente de uma formação adequada aos que anelam o sacramento do matrimônio. Diz o saudoso Pontífice, com destaques do editor:

66. A preparação dos jovens para o matrimônio e para a vida familiar é necessária hoje mais do que nunca. Em alguns países são ainda as mesmas famílias que, segundo costumes antigos, se reservam transmitir aos jovens os valores que dizem respeito à vida matrimonial e familiar, mediante uma obra progressiva de educação ou iniciação. Mas as mudanças verificadas no seio de quase todas as sociedades modernas exigem que não só a família, mas também a sociedade e a Igreja se empenhem no esforço de preparar adequadamente os jovens para as responsabilidades do seu futuro.

Ora, para a recepção frutuosa e eficaz do sacramento do matrimônio, importa uma formação completa: preparar-se espiritualmente é fundamental, mas não se pode esquecer da preparação humana, bastante responsável por inúmeros desastres matrimoniais, pelo simples descaso sobre as condições de convivência entre os humanos. O maior dos mitos que espreita os que se sentem chamados a amar a Deus no matrimônio é o “Quando casar ele/ela melhora”. Ele/Ela pensa que todas as diversas dificuldades, dos inúmeros defeitos de caráter, dos vícios adquiridos e cultivados com cuidado durante todo o namoro e noivado desaparecerão como mágica, num estalar de dedos, com a bênção do assistente do matrimônio. Ele/Ela acredita piamente que seu namorado/a é um príncipe, mas ainda escondido sob a pele de um ogro ou sapo. Por isso, o mito também pode ser denominado “Mito do Shrek”. As pessoas advertem os que estão nessa situação apontando para os graves defeitos dos parceiros, mas os que estão envolvidos nessa situação respondem sempre com a mesma ladainha: Ah, quando a gente casar tudo vai ser diferente… A causa desta recorrente expectativa é uma mistura de otimismo besta, de um lado, e desconhecimento da natureza humana, de outro.



Reprodução: Dr. Jekyll and Mr. Hyde
A literatura universal já advertiu que em cada pessoa há um monstro a espreitar. O Médico e o Monstro é a expressão da dualidade em cada homem. No livro de Stenvenson, Dr. Jekyll revela o monstro que há em cada um através de uma poção que traz à tona o pior da natureza humana, o mais perigoso dos inimigos: me and myself. Criada para manifestar o mal em todos, a poção gradativamente torna o monstro independente, não necessitando bebê-la para pôr em risco as pessoas amadas por Jekyll. Em situações extremas, o doutor perde o controle e o monstro surge. Esta alegoria representa muito bem a dualidade existente em cada homem, capaz das maiores barbaridades e dos atos mais nobres. Ocorre que, a despeito do relato de Stevenson, o monstro que há nos homens não precisa de uma poção para dar o ar de sua graça.

Normalmente, o pior que há na humanidade não precisa de ajuda especial para manifestar-se. Não é necessária uma poção, uma bebida, um gatilho para que o mal que está no homem surja. Pelo contrário, é muitíssimo comum que durante os dias mais ensolarados, nos momentos mais agradáveis, nos lugares mais confortáveis, com as melhores companhias, uma contrariedade qualquer provoque uma multidão de paixões que transformará um promissor passeio no parque em uma discussão acalorada, um jantar em família em uma batalha de egos, um cinema agradável em uma tarde cinza. E tudo isso sem a poção do Dr. Jekyll…



Reprodução: sempre com raiva
Os que se preparam para servir a Deus e à Igreja na sua família precisam lembrar das palavras do Evangelho: “Para entrar no Reino é preciso nascer de novo” (Jo 3, 3). Não se trata tão somente do sacramento do Batismo, condição para ser enxertado na Verdadeira Videira e expressão externa da primeira conversão a Deus. Trata-se também da conversão cotidiana, da morte diária para o que é contrário a Vontade de Deus, sem a qual a primeira conversão do Batismo se transforma em um mero formalismo, se reduz a um rito vazio, momento ontológica e historicamente determinado, mas sem consequências duradouras na vida dos indivíduos. É preciso morrer para nascer de novo. Os que se acham no caminho da vocação matrimonial precisam morrer muitas vezes ao dia para continuarem vivos para seu cônjuge, para seus filhos, para sua família, para Deus enfim. É necessário sacrificar cada momento o monstro que há em cada um para que o matrimônio cristão seja o que deve ser: o encontro de duas pessoas consigo mesmas e com Deus.

Os que almejam a vida matrimonial têm que ver no namorado/a tanto amor ao companheiro/a quanto a Deus. Nesse campo, não se aceita menos que tudo. Claro que a perfeição moral nesta vida é impossível. No entanto, o período do namoro e do noivado deve dar provas aos comprometidos que é Deus o mais importante da relação. Se um casal choraria amargamente a traição de uma das partes, deve chorar com tanta ou maior amargura a traição a Deus, que é o pecado. Então, se em seu relacionamento o namorado ou namorada se parece mais com um sapo ou uma rã do que com um príncipe ou uma princesa, não dispense o animal na lagoa ainda… Mas certifique-se que o anfíbio gosmento está se esforçando por tornar-se digno de realeza antes do beijo no altar. Caso o beijo do altar já tenha ocorrido e o sapo não tenha se transmutado em príncipe, nada de desespero. Há esperança. Mas certamente este matrimônio será mais parecido com o amor de Cristo a sua Igreja: até a Cruz.